domingo, 12 de junho de 2011

Lei 14.466 proíbe o uso de equipamentos de proteção individual por profissionais de saúde fora do ambiente de trabalho

De autoria do Deputado Vitor Sapienza, a Lei nº 14.466, de 8 de junho de 2011 proíbe os profissionais da área da saúde do Estado de São Paulo de utilizar equipamentos de proteção individual fora do ambiente de trabalho.
De acordo com essa lei, os profissionais de saúde ficam proibidos de circular fora do ambiente de trabalho vestindo equipamentos de proteção individual com os quais trabalham, tais como jalecos e aventais e, o profissional de saúde que infringir essas disposições estará sujeito à multa de 10 (dez) Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (UFESP), aplicada em dobro em caso de reincidência.
As penalidades decorrentes de infrações às disposições da lei serão impostas nos respectivos âmbitos de atribuições, pelos órgãos estaduais de vigilância sanitária.

Campanha de Vacinação contra o Sarampo



18 de Junho: Vacinação contra a Paralisia Infantil



Novas regras impedem o acúmulo de vínculos empregatícios por profissionais de saúde

O Ministério da Saúde (MS) publicou no dia 5 de abril de 2011 novas regras que visam impedir o acúmulo irregular de cargos por profissionais de saúde.
A Portaria 134, que traz as novas normas, proíbe o creden-ciamento de profissionais que exercem mais de dois cargos ou empregos públicos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), banco que reúne dados dos trabalhadores do setor. O descumprimento a essa regra terá como consequência a inconsistência do registro do profissional em cadastros anteriores no exercício de cargos ou empregos públicos, mantendo-o apenas nos dois cadastros mais recentes.
O Artigo 3° da Portaria prevê ainda que o cadastramento do profissional de saúde que exerça atividades como profissional liberal ou trabalhador autônomo em mais de cinco estabelecimentos de saúde não públicos, somente será autorizado mediante justificativa do gerente do estabelecimento e validada pelo gestor municipal ou estadual em campos específicos do CNES.
De acordo com o Artigo 5º, também fica vedado o cadas-tramento do profissional de saúde em mais de uma equipe de Estratégia de Saúde da Família (ESF).
O ponto principal está na disponibilização pelo DATASUS de versão do CNES que possibilita a suspensão de repasse dos recursos pelo MS referentes ao custeio da equipe da Estratégia da Saúde da Família (ESF) a que pertença o profissional que não atender ao disposto nos Artigos 2º e 5º da Portaria 134, de forma isolada ou cumulativamente, a partir da competência maio de 2011.

COSEMS/SP apóia Projeto de Lei que visa isenção de pedágio para veículos que transportam pacientes

Encontra-se em tramitação na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo o Projeto de Lei nº 239/2.010, de autoria do deputado Aldo Demarchi, e que visa isentar do pagamento de pedágio os veículos oficiais dos municípios, usados exclusivamente para transporte de pacientes.
O Projeto de Lei prevê que, para receber o benefício as prefeituras terão de cadastrar os veículos na Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp).
O assunto foi discutido durante a reunião do Conselho de Representantes Regionais do COSEMS/SP e ficou decidido que a associação apoiará o referido Projeto de Lei elaborando modelo de documento que será encaminhado aos Colegiados e municípios.
O objetivo é que seja aberta uma ampla agenda política envolvendo prefeitos e demais agentes políticos no apoio à aprovação desse Projeto de Lei, considerado de grande importância, principalmente para os pequenos e médios municípios.

Arthur Chioro e as expectativas do COSEMS/SP para os próximos anos



Eleito para a presidência do COSEMS/SP em Assembléia Geral Ordinária realizada durante o XXV Congresso de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo, em Santos, Ademar Arthur Chioro dos Reis, Secretário Municipal de Saúde de São Bernardo do Campo nos fala de suas suas expectativas para a associação nos próximos dois anos, bem como comenta de maneira clara e objetiva as principais dificuldades e as prioridades atuais da saúde pública em São Paulo:

Jornal do COSEMS: Depois de 14 anos o senhor volta à presidência do COSEMS. Qual o significado e importância disso?
Dr. Arthur: Retorno à presidência do COSEMS em um contexto no qual a instituição está bem mais fortalecida e representativa. O último congresso realizado em Santos demonstrou claramente essa pujança, porque o evento foi o maior que já realizamos em toda a história do COSEMS, com cerca de 1.500 inscritos e mais de 300 municípios representados. Hoje, o nosso Conselho é um importante interlocutor com as várias instâncias que atuam na área da Saúde, notadamente com os governos federal e estadual. Além disso, quero destacar a qualidade dos demais integrantes da atual diretoria e o relevante trabalho deixado pela diretoria anterior, o que facilita o encaminhamento dos compromissos que vão pautar a nossa gestão nos próximos dois anos, expressos na Carta de Santos.

Jornal do COSEMS: Em sua opinião o que mudou e quais foram as principais conquistas do SUS e do COSEMS nesse período?
Dr. Arthur: Houve uma expansão significativa do SUS desde a sua criação em 1989. Ocorreram avanços inegáveis nas redes de urgência e emergência, na assistência farmacêutica, na política de saúde mental e na atenção básica, que passou a contar com agentes comunitários, apoiadores e as equipes da Estratégia de Saúde de Família, entre outras áreas onde as conquistas foram significativas. É evidente que ainda existem muitos aspectos a serem melhorados, mas o Sistema Único de Saúde, no meu entender, está se consolidando cada vez mais e consegue atender os 182 milhões de brasileiros cobrindo muitas das lacunas da saúde suplementar. O COSEMS, por sua vez, conseguiu firmar-se e ser respeitado por todos os setores que atuam na área da Saúde. O Conselho tem conduzido suas ações de forma democrática e suprapartidária. Hoje é uma entidade que não pode ser descon-siderada em qualquer discussão que se venha a fazer sobre políticas públicas de saúde tal a dimensão da representatividade adquirida ao longo dos seus 23 anos de existência.

Jornal do COSEMS: Quais são as diretrizes do COSEMS para os dois próximos anos? Principais metas e desafios.
Dr. Arthur: A Carta de Santos será o grande referencial para as intervenções desta diretoria. Todos os pontos discutidos e aprovados no último congresso merecerão nosso empenho, mas temos quatro temas que reputo como priori-tários. Um deles é o financiamento do SUS. Vamos lutar pela regulamentação da Emenda Constitucional 29 pelo Congresso Nacional, pela criação de novas fontes de financiamento e para que o governo do estado de São Paulo participe do cofinanciamento das ações de saúde. A maioria dos municípios está estrangulada financeiramente com as demandas crescentes do SUS. Outra questão essencial é a re-gulação da força de trabalho em saúde, em particular dos médicos. O aperfeiçoamento da Política de Regulação da Atenção à Saúde é outro desafio que teremos de enfrentar visando à integração entre os serviços municipais e as referências regionais. Por fim, pretendemos agir para que o uso de novos medicamentos e tecnologias seja feito de forma racional, de forma a evitar demandas judiciais desnecessárias, que desorganizam os orçamentos das secretarias de Saúde.

Jornal do COSEMS: Como o senhor vê hoje o relacionamento do COSEMS com a SES/SP?
Dr. Arthur: Estamos esperançosos com a nova equipe da SES/SP. O secretário Giovanni Guido Cerri abriu o diálogo conosco logo que assumiu o cargo e as reuniões da Comissão Bipartite têm sido produtivas e convergentes. Espero que esse bom relacionamento se traduza em ações concretas, porque há problemas graves na gestão regional do SUS e no acesso aos serviços de referência regional. O governo estadual também precisa deixar de ser omisso no cofinanciamento da Atenção Básica, das UPAs e do SAMU, das ações de Saúde Bucal e da Saúde Mental.

Jornal do COSEMS: Panorama atual e prioridades do SUS em São Paulo hoje.
Dr. Arthur: A ampliação da retaguarda de UTI ,o custeio da Atenção Básica, o aprimoramento dos processos de regulação e o fortalecimento dos Colegiados de Gestão Regional são questões prioritárias em nosso estado. O problema das vagas hospitalares e de serviços especializados é grave em quase todos os municípios e os hospitais de referência estadual não estão conseguindo suprir essa lacuna, mais por falta de organização do que capacidade para atender a demanda. Enquanto a obtenção de vagas for conseguida à margem da regulação pactuada, teremos uma enorme demanda reprimida em alguns setores. A inclusão da Atenção Básica na agenda da SES/SP é outra reivindicação importante dos municípios, porque o governo estadual tem se mos-trado distante do atendimento primário. A gestão regional, por sua vez, permite a troca de experiências e a definição de medidas que diminuam os gargalos assistenciais existentes atualmente, possibilitando um diálogo franco e direto com os representantes do Estado.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Grande Conversa: “O desafio de pactuar, entre as esferas de governo, modelos assistenciais para diferentes realidades”


“O modelo queixa-conduta é absolutamente insuficiente no cuidado continuado e resolutivo das doenças crônicas” – Helvécio Miranda de Magalhães Junior, Secretário de Atenção à Saúde – SAS, do Ministério da Saúde. Esse foi o tema da Grande Conversa realizada na tarde do dia 30 de março, durante o segundo dia do XXV Congresso do COSEMS/SP, no Mendes Convention Center, em Santos. O assunto foi abordado sob vários ângulos e pontos de vista, mas com consenso no que se refere à necessidade de co-financiamento pelo Estado para custeio de programas de saúde. Se não houver a repactuação de compromissos e responsabilidades no tocante ao financiamento, o SUS sucumbirá face ao esgotamento em que se encontram os municípios, que já investem boa parte de seus orçamentos em saúde, muitos deles mais de 20% - é a opinião dos expositores. Há unanimidade também no que se refere à necessidade de criação de um novo modelo assistencial para o Estado de São Paulo, voltado para a APS (Atenção Primária em Saúde), como ordenadora de um sistema voltado à promoção da saúde e ao cuidado, já que o modelo atual não acompanha o declínio das condições agudas e a ascensão das condições crônicas. Até a metade do século XX havia uma prevalência de doenças infecciosas e parasitárias, agudas. Com o envelhecimento progressivo da população e o aumento da expectativa de vida, houve uma crescente carga de patologias degenerativas, crônicas. As causas de morte que mais cresceram nos últimos 10 anos foram as doenças cardiovasculares, a hipertensão e o diabetes, tornando necessária a criação de novos modelos. Consenso também quanto à necessidade de diminuição das desigualdades regionais e fortalecimento dos Colegiados de Gestão Regional. Uma maior participação do Estado através do co-financiamento e melhoria nos processos de gestão do trabalho podem auxiliar na consolidação do SUS, com a ampliação do acesso e uma maior qualidade nos atendimentos ao usuário. Essa Grande Conversa teve como Coordenadora a Secretária de Saúde de Buritama e membro da Diretoria do COSEMS Nancy Ferreira da Silva Cunha e como expositores Helvécio de Miranda Magalhães Junior (Secretário da Secretaria de Atenção à Saúde – SAS/MS), Renilson Rehem de Souza (Assessor do Secretário da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo) e Maria do Carmo Cabral Carpintéro (Presidente do COSEMS/SP). O debatedor foi o Professor Emerson Elias Merhy, Coordenador do Coletivo Micropolítica, Trabalho e Cuidado, junto ao Curso de Pós Graduação de Clínica Médica da UFRJ. O Congresso teve ainda duas outras Grandes Conversas, de igual relevância: “Compromissos e Responsabilidades com o Financiamento Solidário do SUS” e “Gestão do Trabalho: Desafios das Três Esferas de Governo”. Teve também o Café com Idéias, cujo tema foi: “Promovendo o Encantamento pelo SUS”.

quarta-feira, 30 de março de 2011

XX Congresso do COSEMS/SP já é um grande sucesso


O XXV Congresso do COSEMS/SP teve início no dia de ontem, 29, e já se constitui num grande sucesso, tendo batido o recorde dos anos anteriores em número de inscritos e participantes, entre Secretários e técnicos de saúde. São cerca de 1.500 participantes e 2000 inscrições para as várias atividades. Iniciados ontem, dez cursos estão sendo oferecidos aos profissionais de saúde e todos tiveram uma grande procura, o que evidencia a importância dos temas escolhidos, dentre eles Contratualização de Serviços de Saúde, Gestão do Fundo Municipal de Saúde, Regulação da Atenção à Saúde. Hoje acontece a segunda fase desses cursos e, no período da tarde começam as Rodas de Conversa, também dez, e que tratarão de assuntos relevantes no cotidiano da saúde pública de todo o país. O objetivo é a consolidação e o fortalecimento do SUS, com qualidade e facilidade de acesso a todos os usuários. O Congresso do COSEMS é também uma excelente oportunidade de troca de experiências entre os profissionais e técnicos de saúde. Daí a grande procura que vem tendo, batendo recordes de participação a cada ano. Na noite de ontem aconteceu a abertura oficial do Congresso, cuja mesa foi composta pelo Secretário de Estado da Saúde, Dr. Giovanni Guido Cerri, Prefeito de Santos João Paulo Tavares Papa, Presidente do COSEMS/SP Dra Maria do Carmo Cabral Carpintéro, Presidente da Câmara Municipal de Santos Manoel Constantino, Secretário de Saúde de Santos e 1º. Vice-Presidente do COSEMS, Dr. Odílio Rodrigues Filho, Vice-Presidente do CONASEMS Dra. Aparecida Linhares Pimenta, representante do Ministério da Saúde Dr. Roberto Tykanori e o Presidente do Conselho Municipal de Saúde de Santos Luiz Antonio da Silva. A grande marca nos pronunciamentos foi a unanimidade nas reivindicações por uma maior participação do Estado no co-financiamento, a pactuação das diretrizes da Atenção Básica, Urgência e Emergência, Saúde Mental, Álcool e Drogas, Judicialização e Regulação, dentre outros, todos temas que se encontram na pauta de discussão com a Secretaria de Estado de Saúde. O Congresso prossegue hoje e amanhã, com as Rodas de Conversa e três Grandes Conversas, além do Café com Idéias. Na sexta-feira haverá a eleição e posse da nova diretoria do COSEMS, encerrando o evento. Haverá também a escolha do município que sediará o Congresso de 2012.

terça-feira, 29 de março de 2011

Tem início o XXV Congresso do COSEMS/SP

Iniciou-se no dia de hoje, 29 de março de 2011, no Mendes Convention Center, em Santos, o XXV Congresso do COSEMS/SP (Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo). A abertura oficial está marcada para as 19h30, porém, durante todo o dia acontece a II Mostra de Experiências Regionais e a realização da primeira etapa dos Cursos. Sob o tema “União, Estado e Municípios na Consolidação do SUS: Compromissos e Responsabilidades” o evento constitui-se num momento de grande importância para a reflexão sobre os desafios da consolidação do SUS e uma excelente oportunidade para a troca de experiências e saberes entre os profissionais da saúde. A programação do congresso inclui a realização de 10 Cursos, 10 Rodas de Conversa, 3 Grandes Conversas e o Café com Idéias, além da II Mostra de Experiências Regionais. Para quinta-feira, 31 de março, está confirmada a presença do Ministro da Saúde Alexandre Rocha Santos Padilha, em palestra com início às 19h00 e, na sexta-feira, dia do encerramento do evento, haverá a eleição e posse da nova diretoria da entidade, às 13h00.

terça-feira, 22 de março de 2011

O desafio da saúde

Dr. Gilberto Natalini
O acesso a serviços de saúde gratuitos para todo e qualquer cidadão brasileiro é um direito fundamental dos brasileiros e um dever do Estado garantido pela Constituição de 1988. Foi pensando nisso que a assembléia constituinte definiu, no mesmo documento, os parâmetros para a criação de um dos maiores e mais ambiciosos planos de saúde pública do mundo: o Sistema Único de Saúde, mais conhecido como SUS.
O SUS foi criado para substituir a assistência médica fornecida pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), restrita aos contribuintes da previdência social.
Quem não contribuísse dependia de serviços filantrópicos para obter atendimento gratuito. A situação mudou em 1990, quando a Lei Orgânica da Saúde tirou do papel as diretrizes da constituição e fundou o SUS.
O SUS define-se em alguns princípios, divididos em ideológicos e organizacionais. Os ideológicos são universalidade, integralidade e equidade. Ou seja, todo e qualquer cidadão brasileiro merece atendimento completo, desde preventivo até curativo, sem nenhum tipo de distinção.
Já os princípios organizacionais definem como o SUS deve funcionar. O SUS existe em três níveis: nacional, estadual e municipal. Cada um possui comando próprio e atribuições distintas. Essa é a descentralização, processo pelo qual o SUS passa desde a década de 90. Há também a hierarquização e regionalização do atendimento, oferecendo diretamente os serviços de saúde de baixa complexidade e utilizando os mais complexos apenas quando necessário.
Desde sua concepção o SUS enfrenta algumas dificuldades, devido principalmente ao seu financiamento e às dimensões do nosso país. Para tentar solucionar o problema da verba, foi criada em 1997 a CPMF, destinada inicialmente a financiar o Fundo Nacional de Saúde. Contudo, a arrecadação começou a ser utilizada em outros programas
sociais e a iniciativa não teve tanto sucesso quanto o esperado. Já a Emenda Constitucional nº 29, conhecida como PEC da Saúde, propõe uma solução viável para os problemas de financiamento. Atualmente, os estados são obrigados a investir uma determinada parte de sua arrecadação em educação. Com a PEC 29, a saúde também tem um
investimento mínimo definido pela constituição. O projeto surgiu há anos, foi aprovado em 2008 e aguarda regulamentação. Em todos esses anos fiz questão de apoiar essa importante conquista para a saúde brasileira.
Para discutir os problemas apresentados e propor novas soluções viáveis e eficientes, vou organizar o seminário “SUS – Financiamento e Gestão”. O evento contará com a participação de figuras importantíssimas no cenário nacional, como o ministro da Saúde e um dos maiores cirurgiões cardíacos da história da Medicina, o Dr. Adib Jatene. Será realizado na Câmara Municipal de São Paulo no dia 04
de abril, às 19h.
Lutar pelo SUS é lutar pela saúde do brasileiro. São mais de 20 anos de existência do sistema, com muitas conquistas, desafios e, acima de tudo, esperança. Vamos continuar na batalha pelo acesso universal a um serviço de saúde eficiente e de altíssima qualidade.

Gilberto Natalini, ex-presidente do Conselho Nacional de
Secretários Municipais de Saúde (Conasems) é vereador (PSDB) em São
Paulo

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

COSEMS/SP ingressa com representação junto ao Ministério Público questionando a Lei 1.131/2010


O COSEMS/SP, juntamente com outras seis entidades da sociedade civil entregaram ao Promotor Público Dr. Arthur Pinto Filho, na tarde de 15 de fevereiro, representação contra a Lei Complementar nº 1.131/2010, que permite a venda de 25% dos leitos hospitalares para planos privados de saúde.
Segundo a presidente do COSEMS Maria do Carmo Cabral Carpintéro (foto) “os argumentos utilizados para justificar essa lei não se sustentam, pois não há ociosidade nos hospitais do SUS de São Paulo; os municípios têm fila de espera de atendimento e demanda reprimida; além do que o SUS já atende a quem tem plano de saúde sem fazer qualquer distinção. No momento em que o Estado assina um contrato com o plano privado e passa a cobrar por isso, haverá privilégios e discriminações”, finalizou a presidente do COSEMS, o que não pode acontecer de maneira alguma.
O Promotor Público acolheu a representação e, tecendo elogios à representatividade alcançada pelo COSEMS, afirmou que vai aguardar que a Lei Complementar nº 1.131/2010 seja regulamentada para então ingressar com Ação Civil Pública questionando sua constitucionalidade, uma vez que fere princípios da Constituição Federal, da Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/1990) e da Constituição do Estado de São Paulo.
Dr. Arthur disse ainda que “espera que o Estado reconheça o seu erro e não regulamente essa Lei, que pode gerar uma verdadeira catástrofe na saúde pública de São Paulo”.
Assinaram a representação, além do COSEMS/SP, o Instituto de Direito Sanitário Aplicado (IDISA), o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), o Sindicato dos Médicos de São Paulo (SIMESP), o Fórum das ONGS/AIDS do Estado de São Paulo, o Grupo Pela Vidda-SP e o Grupo de Incentivo à Vida (GIV).
As entidades pretendem ampliar a mobilização colhendo mais assinaturas e convocando um ato público em São Paulo no dia 7 de abril, Dia Mundial da Saúde.

sábado, 22 de janeiro de 2011

COSEMS REPUDIA LEI ESTADUAL QUE PERMITE A VENDA DE LEITOS PÚBLICOS

O Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (COSEMS/SP) vem a público manifestar sua posição absolutamente contrária à Lei Complementar nº 1.131 de 27 de dezembro de 2010, que prevê a destinação de 25% dos leitos de hospitais públicos estaduais geridos por Organizações Sociais a pacientes particulares e usuários de planos de saúde. A Lei Complementar nº 1.131/2010, de iniciativa do Governo do Estado, foi aprovada pela Assembléia Legislativa de São Paulo (Projeto de Lei Complementar 45/2010) de forma bastante apressada no apagar do ano de 2010, e publicada no Diário Oficial do Estado em 28 de dezembro de 2010, na Seção 1, página 4.
Tal dispositivo legal, que permite a comercialização de parte significativa de serviços hospitalares de instituições instaladas exclusivamente com recursos públicos, abre um perigoso e inaceitável precedente à construção do SUS, tanto em nosso Estado quanto no país.
O COSEMS entende que o dispositivo aprovado é claramente inconstitucional (contrariando dispositivos da Constituição Federal e da Constituição do Estado de São Paulo) e fere princípios consagrados no SUS, como a equidade e a gratuidade, previstos da Lei 8080 (Lei Orgânica da Saúde) e, ainda, dispositivos da Lei 791/95 (Código de Saúde de São Paulo).
Além de sua inegável inconstitucionalidade e ilegalidade, permitir esta condição abre o inaceitável precedente de possibilitar ao hospital público, do SUS, sua transformação em um negócio, passível de lucro. Paradoxalmente, em nome de uma pretensa defesa do SUS, cria a possibilidade de acesso privilegiado com extrema dificuldade de fiscalização. Isto trará uma vantagem inegável para os planos de saúde, que ampliarão sua rede sem nenhum investimento, e para os indivíduos socialmente mais privilegiados por possuírem recursos próprios ou planos de saúde a facilitação no acesso, sem que se possa enxergar qualquer vantagem aos usuários em geral.
Neste sentido, o COSEMS, como entidade de representação dos Secretários de Saúde dos municípios paulistas, torna pública sua posição contrária acerca da Lei Complementar nº 11.31/2010 e informa que está estudando os elementos necessários para ingressar de uma ação direta de inconstitucionalidade, com o objetivo de barrar este lamentável dispositivo.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

COSEMS/SP realizará o XXV Congresso de Secretários Municipais de Saúde em Santos



O COSEMS/SP realizará no Mendes Convention Center, no município de Santos, entre os dias 29 de março (terça-feira) e 1º de abril de 2011 (sexta-feira), o XXV Congresso de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo, sob o tema "União, Estado e Municípios na Consolidação do SUS: Compromissos e Responsabilidades" cuja programação já está definida. O evento contará com 10 Cursos, 10 Rodas de Conversa, 3 Grandes Conversas e o Café com Idéias, além da II Mostra de Experiências Regionais e a eleição e posse da nova diretoria do COSEMS. A escolha dos temas dos cursos e rodas de conversa pela Comissão Organizadora, levou em conta a pertinência das principais demandas atuais verificadas na saúde pública, após acolhimento das sugestões enviadas pelos municípios.
O Congresso de Secretários é um momento importante de reflexão sobre os desafios da consolidação do SUS e também uma excelente oportunidade para a troca de experiências e discussão de assuntos importantes afetos à realidade e ao cotidiano de técnicos, secretários e demais profissionais da saúde.

Tema: "União, Estado e Municípios na consolidação do SUS compromissos e responsabilidades"
PROGRAMAÇÃO:
29 de Março de 2011- Terça-feira
08:00h às 18:00h - II Mostra de Experiências Regionais
14:00h às 18:00h - Cursos (1º período)
- 19:30h às 22:00h - Abertura Oficial do Congresso

30 de Março de 2011- Quarta-feira
08:00h às 18:00h - II Mostra de Experiências Regionais
08:30h às 12:30h - Cursos (2º período)
14:00h às 18:00h - Grande Conversa: - "O desafio de pactuar, entre as esferas de governo, modelos assistenciais para diferentes realidades"
Coordenadora:
Nancy Ferreira da Silva Cunha, SMS Buritama e membro da Diretoria do COSEMS/SP Expositores:
Representante do Ministério da Saúde - Representante da Secretaria de Estado da Saúde - Maria do Carmo Cabral Carpintéro, SMS Amparo e Presidente do COSEMS/SP
Debatedor:
Emerson Elias Merhy, Médico Sanitarista e Coordenador do Coletivo Micropolítica, Trabalho e Cuidado, junto ao Curso de Pós Graduação de Clínica Médica da UFRJ

31 de Março de 2011- Quinta-feira
08:00h às 17:00h - II Mostra de Experiências Regionais
08:30h às 12:30h - Grande Conversa: - "Compromissos e responsabilidades com o financiamento solidário do SUS"
Coordenador:
Odílio Rodrigues Filho, SMS Santos e 1º Vice Presidente do COSEMS/SP
Expositores:
Representante do Ministério da Saúde - Representante da Secretaria de Estado da Saúde - Ademar Arthur Chioro dos Reis, SMS São Bernardo do Campo e membro da Diretoria do COSEMS/SP
Debatedor:
Áquilas Nogueira Mendes, Professor Dr. de Economia da Saúde da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
14:00h às 16:30h
- Assembléia Geral Ordinária dos Secretários
- 10 Rodas de Conversa
17:00h às 19:00h - Café com Idéias: "Promovendo o encantamento pelo SUS"
Coordenador:
Luís Fernando Nogueira Tofani, SMS Várzea Paulista e membro da Diretoria do COSEMS/SP Debatedor
José Enio Servilha Duarte, Assessor Técnico do CONASEMS
01 de Abril de 2011- Sexta-feira
08:00h às 12:00h - Grande Conversa: - "Gestão do Trabalho: desafios das 3 esferas de governo"
Coordenador:
José Francisco Kerr Saraiva, SMS Campinas e 2º Vice Presidente do COSEMS/SP
Expositores:
Representante do Ministério da Saúde - Representante da Secretaria de Estado da Saúde - Aparecida Linhares Pimenta, SMS Diadema
Debatedora:
Laura Camargo Macruz Feuerwerker, Professora Adjunta da Faculdade de Medicina da USP
12:00h às 13:00h - Posse da Diretoria eleita e encerramento

CURSOS A SEREM OFERECIDOS DURANTE O CONGRESSO:
1- Enfrentamento do uso abusivo de álcool e outras drogas
2- Assistência Farmacêutica
3- Atenção Básica na Coordenação das Redes de Atenção
4- Contratualização de Serviços de Saúde
5- Gestão da Informação em Saúde
6- Gestão do Fundo Municipal de Saúde
7- Redes de Urgência e Emergência no SUS
8- Regulação da Atenção à Saúde
9- O Cuidado em Saúde Mental
10- Vigilância em Saúde

TEMAS DAS RODAS DE CONVERSA:
1- Matriciamento como Ferramenta de Gestão em Saúde
2- Controle Social e Gestão Participativa
3- Educação Permanente
4- Judicialização na Saúde
5- Práticas Integrativas
6- Regionalização no Estado de São Paulo
7- Saúde Bucal
8- Saúde e Envelhecimento
9- Saúde do Trabalhador
10- Cultura da Paz e Superação da Violência

INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES:

Um 2011 com muita saúde!

Embora movidos por grande expectativa em relação à nova composição dos governos estaduais e federal, a saúde pública nacional vive dias de apreensão.
Os discursos declamados e, aprovados nas urnas pela população sobre o futuro do Sistema Único de Saúde (SUS) nacional, variaram entre a discussão da gestão pública e privada dos serviços, sobre os responsáveis pelo financiamento da assistência e, na intenção de ampliação, em todos os aspectos, do acesso aos medicamentos, exames e consultas.
Entretanto, uma leitura comum na maioria das propostas dos candidatos, agora eleitos, foi o foco da atenção à saúde em pronto-atendimentos, baseados em urgência e emergência, como as UPA e os SAMU, reduzindo para segundo plano, ou substituindo, às estratégias de assistência em atenção primária, como programas longitudinais de saúde da família e comunidade, que privilegiam o vínculo entre os profissionais e os usuários.
O Brasil avançou muito nos últimos quinze anos com o Programa Saúde da Família, que por reorganizar a assistência no país, alcançou a condição de “Estratégia” e, por se difundir em todo o território, assumiu o papel da consolidação das diretrizes e preceitos do SUS em cumprimento da constituição de 1988.
Todavia, nos parece que o grande projeto para a saúde, é voltado ao marketing de ações que supram necessidades agudas, contemplando o momento e gerando a satisfação imediata da população, que haja vista é justa, porém, prevaricando do potencial dos aspectos epidemiológicos na orientação de políticas públicas, além da prevenção e promoção de saúde.
Não podemos deixar de lembrar também, da recente e permanente discussão sobre o retorno da CPMF, ou tributo similar, que causará polêmica, dividindo opiniões quanto ao auxílio no financiamento do SUS, eterno obstáculo do sistema. E a regulamentação da Emenda 29, com a definição e cumprimento dos papéis de cada ente federativo?
Pelo visto, não faltarão assuntos relacionados à saúde pública e coletiva para discussão em 2011, contudo, fica a sensação de que novamente os municípios, como os reais executores e, suas populações, como os beneficiários, terão um árduo desafio na efetivação e utilização do nosso Sistema Único de Saúde.

Fabrício Narciso Olivati
Cirurgião Dentista, pesquisador da FOP/UNICAMP, especialista em Gestão em Saúde, Secretário Municipal de Saúde de Capão Bonito/SP.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Diretrizes de Apoio e Fortalecimento da Atenção Básica em Saúde no Estado de São Paulo

Esse documento contém “idéias-força” que fundamentam as propostas principais para a gestão da atenção básica em saúde no estado de São Paulo, apontando, desse modo, diretrizes para a pactuação entre os gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) visando à formulação da “Política da Atenção Básica no Estado de São Paulo”.
As proposições aqui apresentadas são resultantes dos relatórios dos grupos de discussão ocorridos no Seminário de Atenção Básica do Estado de São Paulo, organizado pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES/SP) e o Conselho de Secretários Municipais de Saúde de São Paulo (COSEMS/SP), nos dias 03 e 04 de Março de 2010, a partir do “Documento norteador para construção das diretrizes de apoio e fortalecimento da Atenção Básica no Estado de São Paulo”.
Esse Seminário foi organizado em três grandes temáticas: regionalização e atenção básica, modelo de organização da atenção básica e gestão do trabalho. Portanto, esse documento se estrutura de acordo com esses temas.
Nesse documento as Idéias Força, que compõe cada um dos 3 temas centrais do Seminário, foram organizadas em princípios e estratégias de ação.

1. REGIONALIZAÇÃO E ATENÇÃO BÁSICA

A regionalização é uma diretriz do SUS e deve orientar a descentralização de ações e serviços de saúde. A conformação de regiões de saúde se constitui em estratégia necessária para construção de um sistema que deve ter como característica relações intermunicipais solidárias; a existência de um sistema de transporte e de comunicação entre os municípios; a identificação de fluxos assistenciais; e um perfil da disponibilidade de recursos, insumos, equipamentos em escala adequada á qualidade de acesso (CONASS, 2009), além de identidades sócio-culturais e do perfil epidemiológico.
No processo de construção do PACTO PELA SAÚDE do Estado de São Paulo, foram constituídos 64 Colegiados de Gestão Regional (CGR).
Essa malha de diferentes serviços constitui uma rede de atenção á saúde onde a Atenção Básica deve desempenhar o papel de coordenação.


1.1. Princípios
1.1.1. A Atenção Básica de Saúde (ABS) deve gerenciar o cuidado à saúde, garantindo a integralidade, por meio de processos regulatórios a partir da Unidade Básica de Saúde (UBS).
1.1.2. A responsabilidade pela oferta de atenção integral à saúde da população é das três esferas de Governo – federal estadual e municipal.
1.1.3. Deve-se considerar que para garantir a melhor resposta ao usuário do SUS, não é necessário que o município tenha todos os serviços de saúde. A idéia de buscar resolver “todas” as necessidades e/ou demandas de saúde no município pode resultar em altos custos e respostas pouco eficazes. Reconhecer outros pontos de atenção na Região de Saúde, que possam responder a essas necessidades potencializa a capacidade de resposta dos municípios e racionaliza os gastos com o setor. Nesse sentido, a pactuação regional, orientada por necessidades da população e pelo perfil epidemiológico local, é imprescindível para a garantia da integralidade na atenção à saúde.
1.1.4. O Colegiado de Gestão Regional (CGR) constitui-se em um espaço de decisão e definição de prioridades entre os gestores. É um importante mecanismo do “Pacto pela Saúde”, contribuindo com a redução de desigualdades, para a promoção da equidade e no fortalecimento dos municípios para que exerçam seus papéis de gestores.
1.1.5. O matriciamento pode ser uma potente ferramenta de gestão e cuidado na rede básica de saúde, pois auxilia as equipes a pensar sua atuação, conhecer sua rede e ampliar seus conhecimentos e possibilidades de ação, já que permite o compartilhamento de saberes no encontro de múltiplos profissionais. Nos pequenos municípios, onde não há base populacional ou mesmo estrutura organizacional para contratação de “equipes matriciais”, faz-se necessário pensar regionalmente. Nesse sentido, uma “equipe matricial” pode dar apoio a “equipes de referência” de um conjunto de municípios.

1.2. Estratégias de ação:
1.2.1. O DRS deve coordenar e induzir o processo de reconhecimento das necessidades regionais de saúde junto aos CGR, de forma compartilhada e dinâmica com os gestores municipais, articulando ações coletivas e individuais para definição de prioridades e ações; fortalecendo e qualificando os processos de planejamento e seus instrumentos de gestão.
1.2.2. Priorizar a Atenção Básica numa agenda permanente de discussão no CGR, destacando a importância do seu fortalecimento para diminuição de custos e melhoria efetiva da atenção á saúde regional.
1.2.3. Organizar um movimento de articulação dos projetos de “apoio institucional”, dos “apoiadores do COSEMS” e dos “articuladores da ABS”, buscando garantir que todos municípios tenham apoio técnico para Atenção Básica.
1.2.4. Implantar estratégias como o transporte sanitário visando garantia da integralidade do cuidado à saúde, visto que a grande porcentagem do absenteísmo nas consultas médicas gerais ou de especialidade está relacionado á falta de transporte adequado.
1.2.5. Reestruturar redes de atenção à saúde nos municípios a partir da organização “linhas de cuidado” e da implantação de processos regulatórios a partir da atenção básica.
1.2.6. Definir projetos de Matriciamento como uma importante estratégia de ação para apoio ás equipes da Atenção Básica. Tais projetos devem incluir relacionamento harmônico entre as equipes de referência da rede básica e as equipes de matriciamento visando a construção de projetos assistenciais comuns no nível local.
1.2.7. Construir diretrizes clínicas e sanitárias comuns entre a equipe de referência e os especialistas que oferecem apoio matricial
1.2.8. Investir num Sistema de Informação como ferramenta de Comunicação entre gestores locais de uma determinada região, tendo especial atenção à identificação do usuário através do Cartão SUS.
1.2.9. Estabelecer em conjunto com os municípios instrumento de monitoramento da atenção básica no Estado. A experiência do AMQ do Ministério da Saúde se mostra motivador, porém para o Estado esse é instrumento insuficiente, pois se aplica somente a equipes de ESF. Avaliar e monitorar são fundamentais para os Municípios e para o Estado, porque trazem informações norteadoras para construção e consolidação de políticas públicas de saúde. O instrumento utilizado deve ser dinâmico e sistemático. As ações de monitoramento e avaliação da Atenção Básica devem ser pactuadas e oferecer perfis de qualidade da atenção básica.
1.2.10. Estabelecer critérios de certificação de qualidade das Unidades Básicas de Saúde mediante cumprimento de metas pactuadas como também da qualificação das equipes de saúde, de acordo com os princípios da Política Nacional da Atenção Básica.


2. MODELOS DE ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA

A Atenção Básica no estado de São Paulo possui uma organização extremamente heterogênea com a Estratégia de Saúde da Família com cobertura em torno de 30% do Estado, uma importante rede de Unidades Básicas tradicionais e Unidades Básicas que utilizam os princípios norteadores da ESF, mas que se estruturam a partir de outros arranjos organizacionais.. Apresenta uma importante fragmentação não só entre os níveis de atenção, mas também, por dentro da própria rede da ABS, trazendo, desse modo, dificuldades para o funcionamento eficaz do SUS. Abaixo estão apresentados as propostas de princípios, diretrizes, serviços ofertados e arranjos organizacionais, aceitos e pactuados.

2.1. Os Princípios organizativos e norteadores da Atenção Básica:
2.1.1 A maneira como os gestores municipais organizam a ABS para responder às necessidades locais é diversa. Por outro lado, as realidades são muito específicas para que se possa definir para todos os municípios um único arranjo tecno-assistencial. Todavia, é importante que se tenha clareza dos princípios norteadores da Atenção Básica para que se adote o modelo que atenda a realidade local. Os princípios norteadores são: acessibilidade, longitudinalidade do cuidado, integralidade, coordenação do cuidado, população adscrita, territorialização, vínculo, ações comunitárias, educação permanente, matriciamento e intersetorialidade.
2.1.2 Cumpre destacar que a territorialização é estruturante para a organização da Atenção Básica, com adscrição de clientela, presença do agente comunitário de saúde (ACS) em todas as unidades básicas com supervisão do enfermeiro e definição de estratégias que ampliem a responsabilização das equipes de saúde pelo seu território.

2.2 Estratégias de ação:
2.2.1 Incentivar o trabalho em equipe: instituir reuniões de equipes nas UBS e qualificar esses espaços, organizando o processo de trabalho em saúde; integração da saúde bucal na equipe; incorporação do ACS nas UBS sem ESF.
2.2.2 Incentivar e garantir a participação social através dos conselhos de saúde em cada unidade básica de saúde e nas Conferencias Municipais de Saúde.
2.2.3 Instituir o cargo/função de Coordenador de unidade: para o adequado funcionamento da unidade de saúde é importante a definição de um profissional (“gerente da unidade”) com reconhecimento formal e com capacidade técnica para ser responsável pela coordenação, planejamento, avaliação e supervisão da atenção prestada pela UBS.
2.2.4 Apoiar a melhoria das condições de funcionamento das unidades básicas de saúde. A Atenção Básica possui espaços inadequados para garantir a qualidade da atenção. Nos primeiros anos de implantação da ESF os incentivos para aumento de cobertura da atenção induziram a instalação em imóveis alugados ou “espaços provisórios” que se tornaram definitivos. A inadequação da estrutura física dessas UBS reforça idéia de unidades simplificadas para exercício de uma medicina simplificada, muitas vezes confundida como desqualificada, voltada para uma população destituída de Direitos. A UBS deve ter planta física que obedeça às normas e legislação vigentes, contemplando boa estrutura e ambiência. Os municípios acima de 7.000 habitantes devem garantir preferencialmente, duas ou mais equipes por UBS. Neste sentido, a SES/SP e os municípios devem despender esforços para adequação de todas as unidades de saúde, de acordo com as normas sanitárias vigentes e o perfil epidemiológico da população do território de abrangência.
2.2.5 Promover nos espaços loco-regionais, discussão sobre ambiência das UBS, dos equipamentos médico-hospitalares necessários e o processo de trabalho das equipes de saúde, envolvendo a vigilância sanitária e outros parceiros.
2.2.6 Instituir o acolhimento ao usuário, que deve ser realizado por toda equipe e ocorrer em todo o horário de funcionamento da Unidade, respeitando as diretrizes da Política Nacional de Humanização.
2.2.7 Organizar o registro e manejo dos sistemas de informação em saúde com vistas ao planejamento e monitoramento de ações desenvolvidas pelas equipes de saúde local.
2.2.8 Manter a proporção definida pela Política Nacional de Atenção Básica- ESF, que define 1 equipe para cada 3.450 habitantes, para garantia da qualidade de atendimento e acompanhamento prestado aos pacientes na rotina do serviço.
2.2.9 Garantir também o atendimento da “queixa aguda” de forma que haja integração dessa dimensão da assistência com a longitudinalidade do cuidado, em um mesmo serviço de Atenção Básica. Essa adequada integração é fundamental para o funcionamento e credibilidade do serviço pela população usuária.
2.2.10 Muitos municípios incorporam diversos especialistas nas Unidades Básicas de Saúde para buscar cobrir algumas necessidades locais, por não conseguirem respostas regionais. Naqueles locais que contam com esse recurso humano é necessário que a entrada ao serviço seja definida e garantida através da Atenção Básica, evitando duplicidade de atenção, medicalização da população e aumento de procedimentos desnecessários.
2.2.11 Hospitais de pequeno porte podem e devem incorporar novas tecnologias para suplementação e qualificação do cuidado em saúde, tais como centros de referência e treinamento para Atenção Básica em áreas de saúde mental, idosos, mulher, etc, conforme a necessidade regional. Hospitais de pequeno porte tendem a gerar custos muito além do que pequenos municípios podem suportar. Estudo realizado em 2008 no estado de São Paulo demonstrou que quanto menor o município, maior são os efeitos iatrogênicos (intervenções desnecessárias) desses hospitais na população local, piorando os indicadores de saúde além de custos desnecessários.
2.2.12 A articulação das ações de vigilância com ações individuais no atendimento ao usuário deve ser posta em prática, isto é, diagnóstico, notificação e tratamento de doenças, captação de grupos populacionais expostos a agravos específicos, acompanhamento e controle de epidemias, entre outras são importantes ações.
2.2.13 Trabalhar com a idéia do “território sanitário vivo e dinâmico”, através das ações de vigilância em saúde e identificação do “risco sanitário” nas UBS. Desta forma as regiões podem ir organizando ações inter-setoriais de promoção em saúde.
2.2.14 Garantir aos municípios do Estado o direito de computar, no cálculo de cobertura populacional, para fins de recebimento de recursos, as outras formas de organização da ABS, desde que incorporem os princípios da ESF.
2.2.15 O PSF se constitui em uma estratégia prioritária para o estado de São Paulo; no entanto, é importante reconhecer a existência e dar legitimidade aos diferentes formatos de organização na Atenção Básica, desenvolvidos em distintas realidades loco-regionais, desde que tomem como referência os mesmos princípios e diretrizes, conforme já descrito anteriormente. O consenso de arranjos possíveis aceitos na Atenção Básica no estado de São Paulo é:
a) Estratégia Saúde da Família;
b) Unidade organizada a partir de especialidades médicas básicas (clínico geral, pediatra e ginecologista-obstetra) na qual são agregados os Agentes Comunitários de Saúde;
c) Estratégia Saúde da Família, composta pelo médico generalista e mais médicos de clínicas básicas.
Para o devido funcionamento e recebimento de recursos nos 3 diferentes arranjos da organização da ABS no estado de São Paulo deverão ser compatibilizados os sistemas de informação da Atenção Básica ( SIAB);
Em locais onde já há UBS organizada com especialidades médicas básicas a incorporação do ACS potencializa a resposta e o vínculo da unidade com a população. Torna-se absolutamente desejável a inserção do ACS, reestruturando a atenção a partir do referenciamento com o território e construção de vínculo com todos os profissionais da equipe. Essa unidade deve garantir atendimento médico e demais ações de saúde, conforme a necessidade local da população.

2.3 – Financiamento
A proposta de qualificação de novos arranjos pressupõe a ampliação do apoio técnico e financeiro da SES/SP e do Ministério da Saúde, preferencialmente, por meio de repasses “fundo a fundo” baseados em critérios estabelecidos pela Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para os municípios do estado de São Paulo, respeitando o princípio de equidade.

3. GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

Há algum tempo a questão de recursos humanos vem sendo apontada como um dos problemas centrais para o desenvolvimento adequado da Atenção Básica. Na ESF, em particular, essa situação vem se tornando cada vez mais crítica. No campo da gestão do trabalho, os principais problemas identificados referem-se principalmente as dificuldades de contratação e de fixação dos profissionais, em especial do profissional médico. São apontadas pelos gestores as seguintes dificuldades:
1) Contratação de profissionais: precariedade de vínculo e obstáculo da legislação.
2) Fixação dos profissionais: desvalorização do profissional da Atenção Básica, não existência de plano de cargos e salários e condições inadequadas de trabalho - ambiência, retaguarda assistencial, distância do local de trabalho, processo de trabalho desorganizado, isolamento e falta de apoio institucional.
3) Formação inadequada para Atenção Básica: graduação voltada para especialidades e desinteresse pela especialização (residência médica) nas áreas básicas.
4) Fragilidade nos processos de educação permanente.

Outras dificuldades referem-se também a uma diversidade de vínculos e formas de contratação por parte de algumas Prefeituras, gerando modelos de contratação sem a devida base legal. A dificuldade no estabelecimento de estratégias de gestão do trabalho adequada gera uma competição descontrolada entre as Prefeituras de determinadas regiões, onde a principal mecanismo de atração dos profissionais limita-se a incremento no valor da remuneração ou redução informal nas horas efetivamente trabalhadas frente às horas contratadas. Também a falta de preparo técnico e perfil profissional para a realização do trabalho proposto é bastante freqüente mais ainda quando se trata do médico da ESF. Para esse profissional é necessário uma prática e uma formação geral e especialmente sólida para atuar junto a todos os grupos populacionais envolvidos na atenção - recém-nascido, idoso e mulher -, além da abordagem integrada da dinâmica familiar, do planejamento e do desenvolvimento de ações não apenas no plano individual, como também às necessidades da população. Perfil este completamente diferenciado da formação especializada desenvolvida atualmente na graduação destes profissionais. As contratações desses profissionais não fazem qualquer exigência referente à formação e experiência em ABS.



A Lei de Responsabilidade Fiscal tenciona os municípios a realizarem contratações terceirizadas. Quando as contratações são realizadas diretamente pelos municípios elas se dão, na maior parte das vezes, através de contratos celetistas por tempo determinado ou contratos administrativos temporários, mecanismos estes utilizados como proteção frente a eventuais problemas de continuidade de financiamento do programa por parte do Ministério da Saúde, bem como resistência a incorporação de profissionais estatutários, dada a estabilidade daí decorrente.
Na atual situação a proposta de trabalho em uma equipe de Saúde da Família para um profissional de saúde de nível superior, a carga horária está condicionada há 40 horas semanal, o que limita outras possibilidades de vinculo e, portanto de remuneração.
Ao mesmo tempo os municípios menores enfrentam isoladamente esta situação, na medida em que é difícil a oferta de condições de trabalho mais adequadas, tanto no que se refere a vínculos mais estáveis, como as perspectivas profissionais. Inverter esta condição pressupõe movimentos de integração e associação municipal regional, apoio estadual e envolvimento de outros parceiros.
A associação intermunicipal e municípios-estado se fazem no sentido de identificar um padrão de remuneração adequado para a Região, que permita limitar a concorrência desleal, que por vezes se estabelece definindo metas e objetivos para as equipes frente às necessidades regionais; além de identificar eventuais alternativas de inserção profissional complementar frente ao perfil do profissional.

3.1. Estratégias de ação:

3.1.1. Possibilitar a formalização de parcerias identificadas de comum acordo entre os envolvidos, que permitam o gerenciamento desses profissionais mediante regras consensuais de contratação.
3.1.2. Buscar nessa parceria a responsabilização, mediante contrato de metas, pela implementação de um processo de desenvolvimento individualizado dos profissionais contratados, direcionado às necessidades especificas, bem como aos projetos regionais prioritários.
3.1.3. Considerar para as ações de desenvolvimento as diferenças entre os municípios que integram uma determinada Região, tais como acesso, características epidemiológicas e populacionais, estabelecendo políticas compensatórias, na perspectiva de uma “carreira regional”.
3.1.4. Estabelecer contratação inicial do parceiro através de convênio, evoluindo posteriormente para propostas mais elaboradas como contratos de gestão, consórcios ou fundação pública.
3.1.5. Garantir o financiamento para essa contratação com participação da União, do Estado e dos Municípios, garantindo a equidade.
3.1.6. Desenvolver estratégias em parceria com as instituições de ensino para que a rede de serviços básicos de saúde seja utilizada como campo de estágio privilegiado para a formação dos profissionais de saúde (rede-escola), incluindo municípios que não possuem essas instituições.
3.1.7. Implantar diferencial nas bolsas de residência médica de interesse para Atenção Básica, custeadas pelo estado, que além de ampliá-las, deve exercer a regulação da proporção dessas em relação ao total de vagas oferecidas para os outros programas de residência médica.

Esse documento é fruto de uma discussão democrática e participativa realizada no Seminário da Atenção Básica em fevereiro de 2010. As diretrizes aqui colocadas na forma de “idéias força” serão apreciadas pela Comissão Intergestores Bipartite e, em seguida, encaminhadas aos gestores Nacional, Estadual e Municipal para definir o desencadeamento de ações de fortalecimento e apoio á construção da Política de Atenção Básica no Estado de São Paulo.